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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Autismo e Distúrbios do Sono

Este é um assunto que aflige a muitas famílias e a anos passamos por esta situação em nossa casa.
Meu filho dormia muito bem até os 4 anos, quando de um momento para o outro começou a acordar de madrugada e voltar a dormir manhã. Com o tempo as manifestações foram se modificando: dormindo quase de manhã, ou simplesmente não dormindo hora alguma.

Tentamos de tudo e todas as soluções naturais por aqui até hoje tem sido cíclicas: funcionam por determinado período, aí temos que reformular a abordagem de combinações.
Sim, com meu filho só funciona um conjunto de intervenções e suplementos.
Tem alguns bons estudos mostrando a eficácia da melatonina para o sono de autistas, aqui, só ela, em qualquer quantidade, não faz efeito.
A intervenção dietética nos ajudou em diversos aspectos, mas não solucionou e nem melhorou a situação do sono. A medicação alopática foi nossa aliada por anos: 6 gotinhas de neuleptil + 1 comprimido de fenergan, o colocavam a nocaute em 1 hora.
Até que num descuido ele tomou um vidro inteiro do neuroléptico que duraria seguramente uns 5 meses o que quase o levou a morte a alguns meses atrás.
Foi uma situação realmente assustadora, tão assustadora que jurei que jamais ele voltaria a tomar estes medicamentos novamente.

Hoje ele está tomando uma conjugação de melatonina + skullcap (erva que promove relaxamento muscular e alívio da ansiedade) + inositol na hora de ir para a cama.
Já descobri que não posso dar ervas relaxantes durante o dia, pois senão a dosagem da noite perde efeito.
A atividade física moderada também ajuda, salientando bem o moderada. Isto no seu caso significa caminhadas diárias para a escola e as terapias. Atividades físicas mais intensas provocam o não relaxamento e a falta de sono, justamente o que queremos combater.
Demorou muito para eu descobrir isso, achava que quanto mais atividade, melhor. Isto nos custou muitas noites de sono.

Esta postagem do Dr. Kartzinel é excelente, mostra diversas abordagens que podem funcionar muito bem.
O que gostei é que há uma programação a seguir, resolvendo causas mais óbvias e comuns e os alopáticos são deixados para último caso.

Meu filho é do tipo que não consegue desligar para dormir, pode ficar acordado por 36 horas direto, embora não seja frequente.
Assegurar uma boa noite de sono é fundamental para a saúde da criança e de toda a sua família.


http://mendingautism.com/articles/lets-talk-about-sleep/#more-167

Tradução: Claudia Marcelino.


A maioria das crianças que vejo na minha clínica inicialmente estão tendo enormes dificuldades com o sono. Esses distúrbios do sono podem se manifestar de muitas maneiras diferentes:
• Não é capaz de desligar ou se concentrar para dormir;
• Não consegue dormir cedo, no horário adequado;
• Dorme, inicia dormindo bem, mas acorda no meio da noite e está pronta para as próximas 18 horas;
• Tiram cochilos em torno de 20 minutos.

Algumas das crianças que eu vejo de fato desenvolvem padrões de sono normais e entre 1 e 2 anos de idade esses padrões desmoronam. Os distúrbios podem acontecer de forma abrupta ou ao longo do tempo. Geralmente os pais se adaptam e desenvolvem algumas maneiras muito peculiares de lidar com isso ... só para dormir um pouco!

Interrupções do sono podem se manifestar de diferentes formas, bem como, como a criança acorda:

• Em pânico completo
• Gargalhando e rindo
• Chorando e soluçando
• Saindo gritando
• Com certas necessidades, como as luzes acesas, a TV, o que requer um pai dormindo perto deles
• Com movimento do intestino e necessitando de banheiro
• Feliz por estar acordado (geralmente para o desespero dos pais)
• Alguns pais têm que dar uma volta de carro para a criança voltar a dormir!

Nós certamente precisamos descobrir a causa ou as causas dos problemas de sono. Eu costumo começar com o intestino.
As questões a abordar são:
• Constipação ou diarreia;
• Mudar a dieta: começar dieta sem caseína (sem leite), seguido de dieta sem glúten.

Foi publicado, na verdade a mais de 20 anos, que há um subgrupo de crianças e adultos com autismo e disfunções de melatonina  no cérebro. A melatonina é muito importante para iniciar o sono. Então, essa é outra área que abordamos em nossa clínica .... acabamos adicionando um pouco de melatonina a cada noite!

Para as crianças que têm problemas de iniciar o sono, geralmente começamos em nossa clínica com:

• Melatonina: ½ mg a 3 mg antes de se deitar
• 5 hidroxitriptofano (5HTP) 50 a 100mg. Eu descobri que este é especialmente útil quando tomado com vitamina B6 e magnésio
• Os suplementos de cálcio e magnésio
• Vitamina D3 dada com o jantar, geralmente cerca de 1000UI
• GABA 125 mg com jantar
• Vitamina B6 50mg com Niacinamida 500mg
• Inositol 100mg ao deitar (ajuda com o sono REM)
• As Ervas como a valeriana, e chá de camomila podem ser úteis, mas a maioria das crianças não vai tomá-las por não serem saborosas.

Se essas intervenções não forem bem sucedidas, eu posso adicionar o Benadryl ou o ibuprofeno durante a noite.
Isso ajuda com possíveis fontes alérgicas, bem como dor e inflamação.

Agora, para as crianças realmente difíceis, em que nenhuma das intervenções acima mostrou-se útil, medicamentos de prescrição podem ser necessários. O seu médico terá de ser envolvido aqui.

• A naltrexona (dose baixa): creme transdérmico ou oral, dar 2-4 mg ao deitar
• Hydroxyzine: esta é uma medicação antialérgica que pode ser útil
• Clonidina começando com ¼ a cada noite, mas pode ter que chegar a dosagem completa
• Trazadone 0.75mg-1mg/a cada quilo de peso corporal na hora de dormir
• Risperidona 0.25mg-1mg ao deitar
• Buspirona 2.5mg-5mg dividindo-a em duas vezes por dia

Medicamentos anti-convulsivantes: Estes podem realmente ajudar quando os padrões de ondas cerebrais anormais são vistos em EEG. Lamictal e Depakote realmente ajudam com o sono em crianças com transtornos convulsivos possíveis.

Tratamentos de terapia hiperbárica de oxigênio: Muitas crianças dormem incrivelmente bem com esta intervenção, de fato, parece ser uma das primeiras mudanças observadas.

Novamente, gostaria de salientar a importância de começar com a função intestinal, a fim de ajudar com problemas de sono.

E essa é a minha abordagem para ... dormir.




domingo, 20 de maio de 2012

Autoimunidade Cerebral ao Folato no Autismo





Esta postagem é baseada numa postagem do blog do Dr. Bradstreet.
Por: Claudia Marcelino.

As descobertas a cerca da autoimunidade ao folato no cérebro de autistas é surpreendente.
Mais de 50% dos seus pacientes apresentam marcadores de autoimunidade ao folato e isto é realmente surpreendente!
1º porque é uma situação que se diagnosticada precocemente, pode ser tratada e os sintomas de autismo serem completamente normalizados.
2º Porque é impossível diferenciar um paciente com autismo clássico de um paciente com resposta autoimune ao folato. Já pensaram que isto pode significar na cura de mais de 50% de pequeninos com diagnóstico de autismo ou transtorno do desenvolvimento?

Este assunto já foi tratado aqui no blog e você pode ler a respeito aqui.

Outra descoberta surpreendente destes estudos é a relação da autoimunidade ao folato e uma dieta rica em leite. 


A caseína, proteína do leite animal, faz reação cruzada com os receptores de folato e uma dieta livre de caseína, conforme a dieta SGSC preconizada para autistas, pode beneficiar enormemente estas crianças com diagnóstico de autismo, cujos pais sequer desconfiam da sua condição autoimune.
Infelizmente, muitos médicos continuam a ignorar os benefícios que uma intervenção nutricional pode proporcionar aos portadores do transtorno do espectro autista.

Mais sobre a relação e benefícios da dieta nestes links:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19282368

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2715943/

http://imfar.confex.com/imfar/2010/webprogram/Paper7038.html

Dr. Bradstreet:


Temos avaliado a auto-imunidade cerebral aos receptores de folato e os seus mecanismos de transporte em crianças com autismo. Enquanto os resultados são iniciais e não totalmente tabulados - somos surpreendidos pela freqüência de casos positivos. Certamente são mais de 50% dos casos.

Tradicionalmente, os sintomas da deficiência de folato cerebral apresentam-se como: retardo mental, retardo motor e alterações da marcha, movimentos anormais, tônus motor baixo, atrasos de desenvolvimento, problemas de fala, convulsões e muitas vezes uma cabeça pequena (microcefalia). Estes sintomas se cruzam com muitos dos sintomas observados nos casos de distúrbios do espectro do autismo (ASD), e particularmente em casos de Síndrome de Rett (RS é um tipo de ASD) são quase os mesmos, podendo facilmente serem confundidos.

Nós não usamos a autoimunidade ao folato como um biomarcador de rotina ainda, mas nos casos refratários ou complicados, é uma pista importante que é largamente ignorada no autismo.

Ao contrário da tradicional descrição da deficiência de folato cerebral, esses casos de auto-imunidade aos receptores de folato estão presentes com uma variabilidade significativa desde uma profunda deficiência a apenas ligeiras alterações.

O tratamento consiste no uso de 1-2mg/Kg/dia de peso corporal de ácido folínico - geralmente como o medicamento de prescrição: Leucovorin ®. No entanto, isso nem sempre resulta em melhora por si só, e especula-se que alguma forma de tratamento imunológico possa ser necessário também. Em apoio a este conceito, os pesquisadores descobriram que uma dieta livre de leite diminui a expressão da auto-imunidade (torna-se menos um problema). Isto pode explicar parcialmente porque dietas livres de lácteos são úteis para algumas crianças com ASD.

Certamente, esta é uma importante área de pesquisa emergente que requer mais investigação para compreendermos plenamente. Nesse meio tempo, continuo a achar que é um biomarcador útil em um importante subgrupo de crianças com ASD.

Aqui estão alguns links para saber mais sobre auto-imunidade cerebral ao folato.

http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa043160

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-8749.2008.02053.x/pdf

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1469-8749.2008.03185.x/pdf

http://repositorio.chporto.pt/bitstream/10400.16/433/1/Doc.5.pdf
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