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sábado, 24 de março de 2012
Autismo e a Síndrome de Deficiência de Receptores de Folato
Por Claudia Marcelino:
Ao tomar conhecimento desta pesquisa publicada no Neuropediatric Journal em 2007, fiquei impressionada por dois motivos:
- 1º por ter sido feita diretamente com pacientes e não com ratos;
- 2º pelos pacientes terem recebido um tratamento relativamente simples: níveis adequados de folato via oral e com isso apresentado bons resultados em um prazo curto, apenas um ano.
25 crianças entre 2 e 12 anos, com diagnóstico de autismo clássico de Kanner com e sem déficits neurológicos, foram examinadas para a constatar-se o nível de fosfato no fluido cerebro-espinal, embora todas as crianças apresentassem níveis normais de folato no plasma sanguíneo.
23 crianças apresentavam baixos níveis no cérebro e 19 delas também apresentavam auto anticorpos aos receptores de folato.
A autoimunidade aos receptores de folato ou a redução do transporte de folato que atravesse a barreira hemato encefálica parece representar um fator muito importante no desenvolvimento do autismo para pelo menos uma parcela dos pacientes diagnosticados com a síndrome.
O fluido cerebro espinal destes pacientes foi obtido através de pulsão lombar e cuidadosamente preparados para a detecção dos níveis de 5MTHF conforme descrito na pesquisa e comparados com os níveis de pacientes saudáveis na mesma idade.
Para os pacientes detectados com baixos níveis de 5MTHF foi estabelecido um protocolo de tratamento com administração oral de 1 mg de folinato de cálcio para cada quilo de peso, divididos em 2 doses, durante aproximadamente um ano com acompanhamento dos níveis no fluido cerebro espinal aos 3 e 6 meses de tratamento e avaliações através de escalas de diagnóstico para os défictis de comunicação, sociabilidade e interesses.
Dois pacientes que foram diagnosticados precocemente, aos 2 anos e 8 meses e outro aos 3 anos e 2 meses e receberam o tratamento, foram curados com a total recuperação do autismo e déficits neurológicos.
Três pacientes mais velhos diagnosticados e tratados a partir da idade de 4, 9, 8 e 11,9 anos, não se recuperaram do autismo, mas apresentaram melhoras dos seus défictis neurológicos.
Os outros 13 pacientes na faixa etária entre três e sete anos, mostraram uma boa resposta após o tratamento com melhoria da maior parte dos défictis neurológicos, mas apenas recuperação parcial do seu autismo.
Esta recuperação se apresentou da seguinte forma:
- Melhoria do comprometimento social de 4 entre os 13 pacientes;
- Reversão da comunicação prejudicada em 9 dos 13 pacientes;
- Desaparecimento de comportamento e interesses restritos perseverantes em 6 dos 13 pacientes.
O percentual de melhoria global e melhoria de cada recurso mostrou uma tendência de melhor resultado se o diagnóstico e tratamento acontecerem em uma idade mais precoce.
O tratamento também mostrou-se efetivo no alívio de convulsões e ataxia, mas apresenta uma resposta baixa na irritabilidade e demostra-se sem efeito sobre discinesias, retardo mental e autismo em pacientes mais velhos.
O exame de níveis de folato no fluído cerebro espinal de pacientes com suspeita de autismo clássico, pode vir a ser determinante para o tratamento efetivo do distúrbio.
Para maiores informações:
http://www.garabedianproperties.com/Info/ramaekers2007.pdf
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