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segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Comportamentos Disruptivos na Infância - Dr. Sam Goldstein.
Por Claudia Marcelino.
Fui convidada a palestrar no 1º Seminário Internacional de Comportamentos Disruptivos na Infância, em Fraiburgo, SC.
Foi uma experiência bastante recompensadora. A maioria absoluta da platéia era de profissionais da educação e alguns da saúde. É maravilhoso receber cumprimentos de médicos ao final da palestra agradecendo pelo o que aprenderam com a minha fala. É um sentimento de gratidão indescritível.
Neste evento, a estrela era o Dr. Sam Goldstein, neuropsicólogo, pesquisador e diretor do jornal científico Attention Disorders.
Dr. Sam é autor de 8 livros, dois deles publicados em português no Brasil pela M. Books: Criando e Educando filhos e o Criando Filhos Seguros e Confiantes. A M.Books é mesma editora que publicou o meu livro.
Sua palestra focou na educação de crianças hiperativas, agressivas e com distúrbios de conduta, portanto, os pontos para serem focados na educação também ajudam pessoas com autismo.
Na verdade, usando uma frase do palestrante: - Se serve para o TDAH, serve para todos!
Dr. Sam abriu a palestra pedindo-nos para refletir sobre o currículo educacional das escolas atualmente que fixam fortemente no ensino acadêmico e negligenciam o papel maior do educador que é o de preparar o caráter e a personalidade da criança para o futuro.
Para isso é necessário entender quatro pontos básicos:
- Experiências, sejam elas boas ou más, moldam o cérebro e o comportamento;
- O educador e o cuidador, precisam entender o processo de pensamento da criança para abordar e solucionar o problema;
- Muitas crianças precisam apenas de mais tempo do que outro método para aprender.
- Os prejuízos no comportamento e consequentemente na vida da criança, provocados pelos sintomas, são os pontos que devem ser focados e trabalhados terapeuticamente.
Para entender os quatro ítens acima, o educador precisa fazer um histórico da criança e sua evolução até o momento em que este inicia o seu trabalho com ela, mas ele afirma que de forma alguma este histórico familiar pode ser uma desculpa para que não aconteça mudanças positivas no caso.
Pais e profissionais terapeutas tem que trabalhar em conjunto para desenvolver a resiliência.
Resiliência de acordo com a Wikipédia é: um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico e que propiciam a tomada de decisões. Essas decisões, propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades.
A chave para alcançar a resiliência, é trabalhar a auto disciplina.
Auto disciplina pode e deve ser ensinada.
Atributos que devem ser ensinados para o enfrentamento de problemas:
- Ter temperamento afetivo;
- Ter Sociabilidade;
- Ter Autonomia;
- Ter boa habilidade de leitura;
- Ter alta motivação;
- Ter Auto estima;
- Desenvolver Controle da impulsividade;
- Desenvolver Controle interno (acomodações sensoriais);
- Ter Habilidade de planejamento;
- Desenvolver a Fé, no sentido de acreditar ser possível;
- Desenvolver o bom humor;
- Desenvolver a gentileza, sendo prestativo.
Fatores ambientais que auxiliam a aquisição destes atributos:
- Famílias menores;
- Competência e saúde mental materna;
- Laços afetivos com o cuidador;
- Apoio fraterno;
- Envolvimento de outros membros da família;
- Viver acima da linha de pobreza;
- Ter amigos;
- Ter apoio de professores.
Seis dicas para desenvolver uma atitude mental resiliente:
1º Ensinar empatia praticando empatia:
- Sendo amoroso mesmo nas divergências, se posicionando no lugar da criança e entendendo a sua linha de pensamento.
2º Ensinar responsabilidade encorajando contribuições:
- Focando no sucesso conseguido e no lado positivo das coisas;
- Construindo ilhas de competência, ou seja, descobrindo e asegurando-se de algo bom ou que a criança faz bem, para fortalecer sua auto estima nos momentos em que vocês precisarem;
- Incentivar o trabalho voluntário.
3º Ensinar a tomar decisões e solucionar problemas:
- O instinto humano é sempre positivo;
- A motivação é intrínseca nos bebês. As falhas e a falta de competência para o incentivo dos cuidadores é que vão bloqueando suas motivações e positividade.
4º Oferecer encorajamento e retorno positivo:
- Tornando-se um adulto carismático (Floortime e Son-rise falam isso o tempo todo: você tem que se tornar a melhor coisa no ambiente);
- Focando no que está certo e não no que está errado. Para isso devemos praticar a modelagem de aprendizagem sem erros. Minha amiga Marie Dorion fala muito bem sobre esta técnica aqui.
5º Ajudar a lidar com os erros:
- Encorajando que erros são oportunidades para aprender.
6º Desenvolver a cumplicidade:
- Prêmios e punições a longo prazo não funcionam, o que se leva pra vida inteira é a cumplicidade daquela pessoa que você poderá contar sempre e a contribuição dela na construção do seu caráter.
Atitudes de um jovem resiliente:
- Otimista e esperançoso;
- Sente-se especial e apreciado pelos outros;
- Tem expectativas realistas;
- Encara erros e dificuldades como desafios;
- Resolve problemas e toma decisões;
- Tem autocontrole;
- Acredita que pode se preparar para tudo que aumeja;
- Possui empatia.
Estratégias para o ensinamento:
- Ajustar as expectativas: ensinando a ter metas realistas a alcançáveis;
- Todos obtém algum tipo de sucesso todos os dias;
- Preparar para as mudanças e transições: todas as técnicas educacionais como o TEAACH por ex. tem dicas para isso;
- Misturar tarefas interessantes e monótonas;
- Dividir as tarefas em poucos comandos e comandos específicos: o ABA faz muito bem isso.
Exemplo: ao invés de "tire os pés da mesa", diga "ponha os pés no chão".
- Não presuma que a crianças saiba as tarefas ou os comandos;
- Propicie mais diversão e mais interação.
Para mais informações do Dr. Goldstein sobre resiliência, sugiro que você leia esta entrevista aqui.
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