Histórias de horror em viagens aéreas tipicamente envolvem extravio de bagagem, perda de correspondências e pessoal de segurança com excesso de zelo. Mas as famílias afetadas pelo autismo enfrentam outros desafios na navegação em aeroportos e aviões.
Um programa de Filadélfia está treinando famílias, funcionários do aeroporto e das companhias aéreas em conjunto para ajudar as crianças autistas a voar mais confortavelmente.
Aeroportos são barulhentos, lugares agitados: anúncios insistentes, luzes ofuscantes e filas longas podem causar problemas para as pessoas com autismo. Eles muitas vezes não podem tolerar ruídos, luzes brilhantes e muita proximidade.
Mães se reuniram no Aeroporto Internacional da Filadélfia em uma manhã recente para passarem pelos efeitos do treinamento em primeira mão.
"Ela estava gritando, ela estava pálida, ela estava tendo dificuldade para respirar", diz Susan Stein, cuja filha tem autismo.
"Ele não entendia o que estava acontecendo e as pessoas pensavam que ele estava sendo beligerante, e ele não estava, era demais para ele", acrescenta Cecília Thompson, cujo filho é autista.
Todas as mães não tentaram mais voar com seus filhos desde a sua última experiência terrível. Mas eles estão de volta ao aeroporto para se darem uma nova chance - começando com umtreino prático de vôo.
"Nós fazemos tudo, desde a chegada até a cabine e vice-versa", diz Wendy Ross, uma pediatra do desenvolvimento, na Filadélfia, que iniciou o programa de prática depois que um paciente teve uma experiência especialmente ruim ao voar.
"Ela tinha feito check-in antecipado com toda a sua família, e depois as regras da companhia eram de que ela só poderia fazer o check-in antecipado com um membro da família, e assim ela ficou muito ansiosa e agressiva, estava mordendo seus pais, e foi incapaz de fazer o vôo para casa ", diz Ross.
Além de famílias se sentirem mais confortáveis, Ross quer que os funcionários das companhias aéreas e do aeroporto conheçam mais sobre autismo.
"Algumas das crianças são realmente cognitivamente atrasadas, e outras são muito brilhantes, e elas são mais ou menos afetadas por situações novas, assim como elas realmente reagem, varia de acordo com a família e a criança", diz Ross.
As famílias esperam no balcão de check-in, onde ficam os cartões de embarque.
O oficial de segurança Robert Rieser explica o primeiro obstáculo: passar pela segurança: "Nenhuma criança terá que tirar os sapatos, mas todos os adultos, infelizmente terão".
Todo o grupo parece um pouco tenso quando se aproximam do momento dos procedimentos de segurança, mas todas as crianças conseguem passar.
Carmella Zelli está preparando a família para uma viagem à Disneylândia, em abril. Seu filho Anthony de 11 anos de idade é não-verbal e fica agitado facilmente. Ela está preocupada que ele não consiga ficar no avião.
"Se ele não pode ver o que está na frente dele, ele fica nervoso e então ele não gosta de ir", diz Zelli.
E ela está certa. Anthony anda por todo o caminho até o avião e depois se vira e sai correndo chorando.
A aeromoça Dana McCue diz que assistir o esforço da família foi uma lição valiosa.
"Acima de tudo ter paciência, e estar ciente da situação", diz McCue.
As outras famílias sentam em seus lugares, e são recebidos por uma tripulação de vôo da United Airlines.
O avião na verdade não vai a qualquer lugar para que as famílias saiam após um lanche. Eles reúnem seus pertences, e cada criança recebe um bottom com asas, um presente do aeroporto.
Wendy Ross diz que é um símbolo de sua conquista. "Literalmente, estamos ajudando as crianças a voar, mas como uma metáfora, viajar é muito mais do que ir de um lugar para outro, é como nós vivemos e experimentamos esta oportunidade."
E mesmo que um menino não tenha conseguido embarcar no avião desta vez, Ross diz que agora sabe o que deve ser praticado para levá-lo à Disneylândia.
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